A crise entre os poderes gerou um cenário inusitado: os parlamentares estão com os salários atrasados. Mas, ironicamente, a culpa é deles mesmos, especialmente da bancada situacionista.
O imbróglio começou quando os débitos da Câmara com o Previ-Mossoró, o instituto de previdência municipal, não foram parcelados. A decisão de barrar o parcelamento foi da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), formada integralmente por aliados do prefeito Allyson Bezerra. O caso foi parar na justiça, e o prefeito saiu vencedor. R$ 578 mil do duodécimo bloqueados para quitar a dívida com o Previ.
A situação exigiu ação do presidente da Câmara, Lawrence Amorim. Ele teve que fazer uma "escolha de Sofia", ao pagar servidores e assessores, deixando os vereadores sem salário.
Na sessão desta terça-feira (10), a bancada governista pediu uma pausa de 30 minutos para tratar do atraso nos salários com Lawrence. O presidente sugeriu receber os vereadores só depois da sessão. A negativa irritou o líder da base, Genilson Alves, que ordenou a retirada dos vereadores do plenário. Sem quórum, a sessão foi prejudicada — de novo.
A versão apresentada pela bancada governista é de que o presidente não quer receber os vereadores, que cobram uma previsão para o pagamento de seus salários e maior transparência em relação aos contratos firmados pelo Poder Legislativo durante a crise financeira. Lawrence já adiantou que, caso parte do duodécimo continue bloqueada, dará prioridade ao pagamento de servidores e assessores no mês de dezembro.
Sem salários, a estratégia da bancada é continuar esvaziando o plenário para obstruir os trabalhos.
Pela primeira vez, Mossoró testemunha uma greve de vereadores.