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Morte por negligência e a necessidade de um Hospital Municipal em Mossoró


A morte da pastora Veranice Borges Freire, de 55 anos, escancara o abandono que a saúde pública de Mossoró impõe aos seus cidadãos. Veranice, com quadro de insuficiência cardíaca, deu entrada na UPA do Santo Antônio, e sua família, desesperada, recorreu à Defensoria Pública para garantir um direito básico: ser transferida para um hospital com estrutura adequada com UTI. Mesmo com uma decisão judicial favorável, três hospitais negaram a transferência, alegando que o exame de Covid da paciente havia dado positivo. E, assim, Veranice morreu.

Este tipo de negligência seria "comum" em cidades pequenas, sem estrutura e recursos adequados. Mas, vamos falar a verdade: Mossoró não é uma cidade qualquer. Com quase 300 mil habitantes e uma arrecadação que beira o absurdo, essa morte é simplesmente inadmissível. Como é que uma cidade com essa dimensão, com tanto dinheiro entrando nos cofres públicos, se permite ser tão incompetente ao ponto de deixar sua população morrer à míngua?

Veranice foi intubada na própria UPA, um local claramente inadequado para lidar com casos graves como o dela. A insuficiência de leitos e a falta de um hospital municipal não só são um problema de gestão, mas um reflexo de um sistema falido que escolhe, ano após ano, priorizar promessas eleitorais vazias, em vez de investir no que realmente importa: a vida das pessoas.

Mossoró precisa, urgentemente, discutir a construção de um Hospital Municipal, credenciado a receber recursos do SUS, com equipes médicas completas, plantões 24 horas e uma estrutura capaz de lidar com a demanda de média e alta complexidade. Ou discutimos isso agora, ou continuaremos a assistir, de braços cruzados, o massacre diário de quem depende desse sistema de saúde falido.

A população mossoroense já paga impostos altíssimos, mas quando precisa de atendimento, enfrenta um muro de negligência e descaso. A morte de Veranice não é um caso isolado. É o retrato de uma cidade que abandonou seu povo, e se nada for feito, muitas outras vidas serão ceifadas.

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