
É fácil cair na tentação de tratar Fátima Bezerra como carta fora do baralho para 2026. A governadora enfrenta rejeição, sim. Sua gestão é um desastre. Mas achar que ela está morta politicamente é um erro clássico de quem olha só o presente e ignora o jogo que acontece nos bastidores.
Fátima vai sair do governo antes da eleição. Isso dá tempo para limpar a imagem, sumir das manchetes ruins e voltar com discurso novo. Já articula nos bastidores. A conversa com a senadora Zenaide Maia (PSD) para uma possível dobradinha ao Senado é um movimento claro. Zenaide candidata à reeleição com apoio do PT, e, em troca, PSD ganha espaços no governo — dizem que a presidência da Caern e a Secretaria de Esportes estão na mesa.
Se isso se concretizar, o PT fecha com o PSD e esvazia o palanque do atual prefeito de Mossoró, Allyson Bezerra (União Brasil), que sonha alto em 2026. Fátima sabe jogar. Sabe isolar adversários e criar alianças. Carlos Eduardo foi um exemplo. Ela trouxe para perto, desgastou e neutralizou.
Fátima não faz a militância barulhenta e chata de Natália Bonavides ou Isolda Dantas. Fátima é outra coisa. É estratégica, fria, e joga o jogo do poder com pragmatismo. Até aquelas corridinhas matinais que faz, com boné do exército de Cuba, meio desajeitada, têm propósito. Esconder a habilidade política que se esconde atrás da imagem simples da "professora".
Ela não grita, não se expõe em excesso, mas está sempre costurando. Aumentou a cota de publicidade e está comprando espaço até na imprensa que bate na sua gestão. Quem acha que Fátima está derrotada, pode acabar sendo atropelado por ela mais uma vez.
Fiquem de olho.