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Opinião - Draga vai, e o sonho da engorda da praia de Ponta Negra continua no fundo do mar


Por: Ismael Sousa

A Praia de Ponta Negra, cartão postal de Natal, com seu icônico Morro do Careca à espera de uma redenção que nunca chega. Para quem achou que a novela do Mar Morto era a mais longa da história, certamente não acompanhou a saga da "draga". A embarcação enviada para salvar a orla da erosão, alavancar o turismo, revitalizar a economia e, de quebra, proporcionar um lugar seguro para os frequentadores. Um plano perfeito, não fosse por um pequeno detalhe: a tal da burocracia estatal.

O Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente (IDEMA), incumbido de liberar as licenças ambientais, decidiu mostrar suas habilidades em atrapalhar sonhos. Colocou mil e um empecilhos para que a obra não fosse executada. O resultado? A draga, cansada de esperar, zarpou rumo a horizontes menos burocráticos.

Segundo a empresa responsável pela obra, o custo diário da embarcação era superior a R$ 180 mil, podendo chegar a R$ 500 mil com todas as despesas necessárias para mantê-la operando. Um valor que, agora, poderia ser investido em algo mais produtivo, como um show de drones do Alok para acalmar os ânimos do natalense.

A classe política, claro, não deixou barato. O prefeito Álvaro Dias culpou as "forças do mal, do PT" por organizar um complô contra a engorda da praia. Já o senador Styvenson Valentim, sem papas na língua, disparou contra o governo estadual: "Governo safado que se vale da 'burrocracia' para atrapalhar o desenvolvimento do RN". Palavras duras, e com razão. Natal parou no tempo, e qualquer tentativa de avanço é recebida com um mar de papelada.

Nesta manhã, a draga partiu, levando consigo as esperanças de uma Ponta Negra revitalizada. E mesmo que as liberações possam surgir, não há prazo para o retorno do návio. Se ela pudesse, talvez levasse a governadora Fátima Bezerra (PT) junto. Não faria falta.

E assim, seguimos na espera, sonhando com uma orla mais bonita, enquanto a burocracia navega tranquilamente em águas turvas. Quem sabe um dia, o navio da esperança volte a ancorar em nosso litoral. Até lá, seguimos afundando na papelada e nas promessas.