
O senador Rogério Marinho (PL) deu uma demonstração de maturidade ao comunicar previamente ao prefeito Allyson Bezerra (União Brasil) sua ida ao camarote durante o Mossoró Cidade Junina, evento que contou na última sexta (13) com a presença do ex-presidente Jair Bolsonaro. O gesto de Rogério, somado ao convite de Allyson para Bolsonaro visitar o camarote institucional, poderia ser visto como um início de aproximação entre dois grupos que têm algo em comum. O desejo de derrotar o PT em 2026. Mas é pouco provável que essa união aconteça.
Rogério afirmou que chegou a convidar Allyson para acompanhar a visita do ex-presidente à obra do Anel Viário 15 de Março. O prefeito justificou a ausência dizendo que já tinha um comprimisso na agenda.
O histórico mostra que Allyson é estrategista. Em 2019, ao se preparar para disputar a Prefeitura de Mossoró, o então deputado estadual buscou o PSL, partido de Bolsonaro na época, tentando viabilizar uma aliança com Daniel Sampaio. Não deu certo. Mas o movimento revela o estilo do prefeito. Quando quer se aliar, se antecipa, não joga para a plateia.
Hoje, quando diz que "pode conversar" com setores da oposição, o recado é inverso. Não há interesse em dialogar com o bolsonarismo. O cenário é de disputa. Tanto Allyson quanto Rogério miram o governo do RN em 2026 e a tendência é de colisão. A trégua entre os dois grupos após a eleição municipal, onde o PL lançou Genivan Vale contra Allyson, é apenas estratégica. O cessar-fogo tem prazo de validade.
Outro episódio que evidencia o distanciamento é a aliança que o prefeito mantém com a senadora Zenaide Maia (PSD). No Pingo da Mei Dia, Allyson caminhou de mãos dadas com a senadora pelo corredor cultural, sinalizando ao grupo aliado que "ninguém solta a mão de ninguém". Zenaide é uma das vice-líderes do governo Lula no Senado, com quem Rogério rivaliza ideologicamente.
O episódio da entrega do título de cidadão mossoroense a um ex-presidente da República mostra como o prefeito não quer aproximação. Dos vereadores da base de Allyson, apenas dois compareceram. Ricardo de Dodoca, autor da honraria, e Wiginis do Gás, com vínculos antigos com o PSL. O restante ignorou o evento com medo de receber uma ligação indesejada do Palácio.
Rogério acenou, mas a porta está entreaberta. Allyson, por enquanto, não parece disposto a entrar.
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